Foto: Reprodução
Nesta sexta-feira (23), completa-se um ano do desaparecimento de Sidinei Pinto da Silva, 41 anos, conhecido como "Liminha"
Nesta sexta-feira (23), completa-se um ano do desaparecimento de Sidinei Pinto da Silva, 41 anos, conhecido como "Liminha". O homem sumiu após, segundo relatos, sair de casa no Bairro Menino Jesus, em Santa Maria, para sacar o Auxílio Brasil. O caso ganhou destaque e, desde então, está sendo investigado pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP). Logo depois do sumiço, foram utilizados cães farejadores do Corpo de Bombeiros em locais onde Sidinei teria sido visto pela última vez, porém, não houve sucesso na localização. Familiares relatam que ele era solteiro e não teria motivos para não voltar para casa, tornando o caso ainda mais intrigante. Dados atualizados da Polícia Civil mostram que, além de Sidinei, Santa Maria conta com mais 127 pessoas desaparecidas, sendo 67 homens e 61 mulheres, no período entre 2012 e 2024. O registro mais antigo no sistema oficial de busca seria o de Julio Cesar Argradem Garcia, 54 anos, que sumiu em 7 de abril de 2012. Confira mais detalhes abaixo.
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NO PAÍS
Essa situação triste e preocupante não é exclusiva de Santa Maria. Em 2022, o Brasil registrou 74.061 desaparecimentos, uma média de 203 casos por dia, o que significa um aumento de 12,9% em relação ao ano anterior.
O mais recente levantamento do Mapa dos Desaparecidos no Brasil revela dados sobre a crescente incidência. De acordo com as estatísticas, 62,8% dos desaparecidos são do sexo masculino, enquanto 37,2% são do feminino. Entre os casos mais alarmantes, destacam-se os adolescentes de 12 a 17 anos, que representam 29,3% do total de desaparecidos. A taxa de desaparecimento nessa faixa etária é 2,8 vezesmaior que a média nacional, que se mantém em 29,5%. Uma tendência curiosa e preocupante é que um terço dos desaparecimentos ocorre entre sexta-feira e sábado, levantando questões sobre os fatores que podem contribuir para esse pico em determinados dias da semana.
NO RS
Em relação aos Estados, o Rio Grande do Sul ocupa a terceira posição no ranking, com 6.413 casos de desaparecimentos registrados. São Paulo lidera a lista, com 18.858 casos, seguido por Minas Gerais, que contabiliza 6.857 desaparecimentos. Os números evidenciam a urgência de medidas e políticas públicas voltadas para a prevenção e solução desses casos, bem como a importância de conscientização e educação para a população sobre o fenômeno do desaparecimento.
SITE PARA BUSCAS
Para tentar a localização de pessoas desaparecidas, a Polícia Civil disponibiliza um site dedicado exclusivamente à busca por informações que possam levar aos casos registrados nessas condições. Para acessar o portal de desaparecidos da Polícia Civil, basta visitar o endereço: pc.rs.gov.br/desaparecidos. A plataforma é intuitiva e de fácil navegação.
UM ANO SEM PISTAS
Um familiar de "Liminha" relatou ao Bei que os dias têm sido bastante difíceis pela falta de respostas. Ele era o filho mais novo entre sete irmãos. A mãe, Idalina Pinto da Silva, 79 anos, moradora do interior de Candelária, está muito abalada com o fato desde então.
_ Ela passa mais tempo no hospital do que em casa e está pesando 40kg. A única coisa que ela pede é que a gente consiga pelo menos um pedaço da roupa do filho, para saber que ele realmente está morto _ afirma o familiar, que preferiu não se identificar, mas revelou que o parente fazia tratamento para combater o uso de drogas.
Conforme o familiar, Sidinei morava sozinho e era muito querido pelos vizinhos do Bairro Menino Jesus, onde residia. Inclusive, os próprios moradores fizeram cartazes com a foto do homem e espalharam pelas ruas e redes sociais, além de ajudar nas buscas no Morro do Cechella e na barragem do DNOS, onde havia informações de que Sidinei poderia estar.
_ Está bem difícil para a nossa família, principalmente para a mãe do Sidnei. Nós não temos nenhuma pista, nada. Até hoje não conseguimos entender o que aconteceu.
Às vésperas de completar um ano do desaparecimento do filho, a mãe de Sidinei enviou uma carta à reportagem do Bei. No material, ela desabafa:
_ Desde o desaparecimento dele, não vivo mais, pois uma mãe sempre deseja ter todos os filhos juntos, e tiraram o Sidnei de mim. Sei que é quase certo que meu filho esteja morto, mas, como mãe, tenho o direito de proporcionar um enterro digno ao meu filho. Não durmo, não me alimento corretamente, pois ao comer, fico pensando como está meu filho, onde está, se está se alimentando, sentindo frio ou calor. Não consigo expressar completamente tudo que passa na minha mente como mãe.
Não entendo o motivo pelo qual tiraram meu filho, pois ele era um rapaz que não fazia mal a ninguém (...) Acreditamos na lei da vida, pensando que são os filhos que vão enterrar os pais, não o contrário. Então, peço, mais uma vez, me ajudem, tentem acabar com essa dor que está me consumindo aos poucos sem meu filho. Se tiverem qualquer informação, entrem em contato com a polícia. Finalizo este desabafo aos prantos, com ainda esperança de não morrer sem encontrar meu filho, seja ele morto ou vivo.
A mototaxista Elizete Vieira da Silveira, 31 anos, desapareceu depois de se dirigir a Dilermando de Aguiar para realizar uma corrida. Seu irmão foi a última pessoa com quem ela interagiu, às 17h18min de 6 de janeiro de 2012, quando ligou para perguntar sobre o valor do serviço.
A motocicleta e o capacete de Elizete foram localizados três dias após seu desaparecimento, nas proximidades da BR-287, a 100 metros do trevo de acesso a São Vicente do Sul. A perícia realizada no material não apresentou conclusões definitivas. Dois exames adicionais também não trouxeram avanços à investigação: um referente a um fio de cabelo encontrado no carro do ex-companheiro de Elizete, que chegou a ser detido preventivamente por 30 dias, mas foi posteriormente liberado por falta de evidências; e outro relacionado a um calção sujo de sangue, encontrado na residência de outro suspeito, em São Pedro do Sul.
Um corpo descoberto em um córrego em Quevedos, a 90 quilômetros do local onde a motocicleta foi localizada, foi submetido a exames para determinar se pertencia a Elizete. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público sem conclusão, mas, a pedido da Polícia Civil, retornou à delegacia para continuar sob investigação, que permanece sem um desfecho.
AGUDO
Daniela Ferreira, 19 anos, desapareceu em 29 de julho de 2012, após ser vista pela última vez saindo de uma festa no Clube Centenário, em Agudo. O acusado da morte, Rogério de Oliveira, 45 anos, foi condenado em um julgamento popular realizado em 29 de junho de 2015, a uma pena de 36 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por homicídio e ocultação de cadáver. Apesar de o principal suspeito ter sido condenado, até o momento, o corpo de Daniela permanece como não localizado.
DILERMANDO DE AGUIAR
Ana Lúcia Drusião, 35 anos, está desaparecida desde a noite de 30 de maio de 2016. O carro da mulher, um Celta prata, foi encontrado na tarde de 31 de maio, em uma estrada a 300 metros de distância da casa dela, que fica na localidade de Três Coqueiros, interior de Dilermando de Aguiar, a cerca de 30 quilômetros da área central de Santa Maria. A Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD) de Santa Maria chegou a realizar no dia 27 de setembro uma reconstituição do desaparecimento da diarista. O marido dela, Antônio Adelar Rigão Stello, 50 anos, que ficou preso preventivamente de 6 a 22 de setembro, na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm), participou da atividade.
Em junho de 2023, os desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça aceitaram recurso da defesa, e ele não irá mais ser julgado pelo Tribunal do Júri. Ainda cabe recurso à decisão.